segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Holy Motors (I)




Eu não assisti em boa qualidade, infelizmente. Fiz download, pois estava muito curiosa e perdi o filme quando esteve em cartaz. Me arrependo pela questão da qualidade, pois a fotografia parece-me digna de uma sala de cinema. Mas, enfim, cá estamos. 
A primeira coisa que devo dizer é sobre o pacto que fazemos com o cinema: queremos ser enganados, chegamos a sala de projeção estamos preparados para ser convencidos daquilo. A sequência inicial de Holy Motors traz justamente essa questão, pois coloca-nos frente a um espectador que adentra um suposta floresta e nela temos o espetáculo do cinema. Daí pra frente, o que nos perturba são as constantes transformações de M. Oscar. Suas personagens são uma sucessão de estranhos, de variadas posições sociais, que preenchem cada ato com muitas dúvidas e reflexões. Aparentemente, este é o trabalho de Oscar, representar outras vidas, representar o tempo todo. Mas e nós mesmos não somos representações, em maior e menor grau? Talvez sim. Nesse caso, os momentos em que Oscar pode ser "ele mesmo", são os momentos em que prepara-se para o próximo personagem dentro da limousine. A senhora, Céline, que o leva pelas ruas é sua guia, sua ligação com o mundo externo e "real". Mesmo assim, ordens são ordens, e Céline tem de lembrar seu companheiro de suas obrigações, o que, de certa forma, cerca os momentos de repouso de Oscar. 

Acredito que o impacto de Holy Motors venha do que poderia chamar-se de "tapa na cara", de um golpe na platéia. Li um texto do crítico Fábio Andrade, na revista Cinética, que me deixou feliz, digamos assim, pois ele compara o filme ao livro do genial Italo Calvino, Se um Viajante numa Noite de Inverno, o qual é um dos meus livros favoritos, do meu autor favorito. Depois disso, comecei a ver essa ligação e percebi que faz todo sentido, sendo o "tapa na cara" que mencionei, a interação de Calvino com o "leitor" e a "leitora", contando a história dos dois. Assim, M. Oscar seria a interação com o público e o fato de não sabermos de onde vêm e qual a história dos personagens que ele interpreta, fazem a analogia proposta na crítica. 
Dito isso e sendo essa minha primeira crítica ou primeira tomada de impressões, deixo aqui a recomendação da leitura e a assistência do filme (he he) e o aviso de que haverá volta, pois pretendo achá-lo em qualidade melhor. 

2 comentários:

  1. Alô, Tainara!

    Muito boa a ideia do blogue! Adorei o título. É bom lembrar que, a rigor, ninguém sabe fazer crítica, o que é preciso é determinação para aprender.

    Uma correçãozita: tu disse que perdeu o Holy Motors quando ele esteve em cartaz, mas na verdade ele não estreou ainda por essas plagas gaúchas. Segundo a distribuidora, isso deve acontecer em breve.

    É isso. No aguardo da próxima postagem.

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    1. Opa, valeu pelo incentivo!

      Entendi que já havia estreado aqui. Não sei procurar no Google também. Ha ha ha

      Haverá mais postagens, certamente. :)

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